Porque não vou à Feira do Livro

Desde São Paulo, Maray Furnari dice presente y nos invita a ver libros. O mejor, nos invita a bailar tango.

Não. Não vou à Feira do Livro. E não é porque more em São Paulo, já que estarei em Buenos Aires por esses dias.
Não é porque já tenha sido livreira e tenha tomado um certo pavor a vender meus amigos. Os livros.
Não é porque a feira seja ótima e cheia de gente que lê. Quer coisa melhor que isso, numa época em que o mundo se enche de gente que só consome?
Não é porque minha amiga Paula esteja lá, na Corregidor, correndo de cá pra lá, feito a formiga da fábula (o que não é novidade, a Paula correndo de cá pra lá, feito a formiga da fábula).
Não é porque a Feira seja longe do meu hotel e eu e minha claustrofobia não nos submetamos nunca a andar de subte.
Não é porque minha mala seja pequena –de propósito, aliás- e não caberiam nela tantos livros quanto eu desejaria comprar.
Não é porque eu já fui a várias outras e ache que todas são iguais. São. Mas os livros são diferentes.
Não é porque, para minha desgraça e a de todo o povo brasileiro, nós tenhamos menos livrarias no país todo do que os porteños têm em Baires.
Não, não é por nada disso.
Eu não vou à Feira do Livro porque o tango me chama. De tarde e à noite. E eu não falto jamais a um compromisso com o tango.
De manhã?
Bom, de manhã eu tenho que dormir. Em algum horário tenho de fazê-lo.
Mas vocês não sigam meu (mau) exemplo.
Visitem a Feira do Livro!
E se sobrar um tempinho, visitem também uma milonga...